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Manifeste-se Neste Dia Internacional da Mulher

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A ideia de que mulheres são delicadas, frágeis e criaturas domésticas sempre foi estranha para as mulheres que não pertencem às classes média e alta. As pobres, negras e pardas, divorciadas e marginalizadas de todas as formas sabem muito bem que não há espaço para a dócil fragilidade quando você mal consegue pagar as contas, lutando para sobreviver. Trabalhar muito, várias horas por dia — muito mais tempo que os homens — é a única forma de colocar comida na mesa.

No início do século XX, todos os gêneros sofriam com as terríveis condições de trabalho impostas pela Revolução Industrial. Fábricas insalubres, turnos de 18h, salários de fome e condições análogas à escravidão pavimentaram a estrada que traria os sindicatos, greves, e muitas conquistas sociais atingidas pela nossa sociedade por conta da coragem daqueles que eram oprimidos.

No entanto, algumas lutas são femininas, e não há como um homem branco, apesar de empático, realmente compreender como é ter vedado o direito à propriedade, ser impedida de emitir opinião, ou votar. Em meio a este cenário histórico hostil, o dia 8 de março foi escolhido como data para conscientização sobre as limitações que ainda existem para as mulheres em nossa sociedade.

E, mesmo assim, em 8 de março, sabemos que vamos receber flores e elogios pela nossa beleza e fragilidade. Todo ano, somos enaltecidas por como nossa existência torna o mundo mais belo, mais suave. E, todo ano, pensamos

“Eu não quero as flores. Eu quero respeito.”

Em tecnologia?

Nós, mulheres da área de tecnologia, sentimos o peso da História sobre nossos ombros todo dia, ao chegar no trabalho. Apesar dos números apresentarem uma pequena melhora a cada ano, ainda somos ridicularizadas, marginalizadas e desconsideradas por nenhum motivo além do nosso gênero. Ouvimos coisas como:

“mulheres não sabem codar”
“Eu não confio nela”
“ela tá de TPM?”

Sofremos mansplaining, manterrupting e bropriation diariamente. E se você pertence a outras minorias, por exemplo sendo negra ou parda, estando acima do peso "socialmente esperado", tendo necessidades especiais, de gênero não binário, ou até por ter tido filhos (!) — isso só se soma à opressão rampante.

Porém, gostaríamos de lembrar a todas as nossas irmãs que

A GENTE DOMINA ESSA PORRA.

Nós iniciamos a computação da forma que ela é conhecida hoje. Somos exímias decifradoras. Criamos as primeiras linguagens de programação. Travamos guerras, levamos a humanidade à lua, e basicamente mudamos o mundo à nossa volta todos os dias.

A popularidade da ciência da computação e sua associação com os meninos são conceitos recentes. Este é um fenômeno específico dos anos de 1980–90, associado com uma forte estratificação de gênero no mercado de brinquedos para crianças. Parece extremo, eu sei, mas é muito difícil trabalhar em tecnologia quando você nunca foi estimulada a se aproximar das ciências exatas, e até teve seu interesse rejeitado porque é coisa de menino.

Garotas que são orientadas desta forma vão naturalmente evitar o campo de exatas, e portanto, salvo exceções, estar ausentes da força de trabalho de computação. Esta análise serve como um alerta: costumamos acreditar que o mundo está sempre melhorando, se tornando mais aberto e inclusivo, mas isso não é necessariamente verdade. Cultura é algo fluido, e o machismo é parte da cultura. Precisamos defender o que já conquistamos e continuar lutando por igualdade, independentemente de quanto parece que já foi pior no passado.

Os desafios de hoje

As mulheres ocupavam 36% dos cargos de computação em 1991. Hoje são 25% . Elas ganham 19% a 32% menos em renda quando comparadas com homens que têm os mesmos cargos, responsabilidades e habilidades. Elas abandonam os empregos em tecnologia numa proporção de 41%, enquanto os homens deixam a área numa proporção de 17%.

Mas mulheres não são as únicas vítimas da desigualdade. Os homens sofrem por se tornarem incapazes de expressar suas emoções, pois são cobrados a partir de padrões inalcançáveis do que é ser masculino, causando sérios problemas de saúde e morte precoce.

No fim das contas, todas as normas de gênero são inatingíveis, é impossível atendê-las plenamente. Elas só causam angústia, sofrimento e desigualdade.

Então se a situação é tão ruim, como podemos mudá-la?

O que temos pela frente

Nós, os floquinhos de neve especiais, as guerreiras da justiça, as terríveis feministas, já temos que aguentar um exército de lemingues em agressões ao lutar por igualdade. O mundo tá chato, nem posso ser mais machista em paz! devia ser piada, mas não é. Todavia, ainda que não tenhamos perspectiva desta luta arrefecer, é recompensador ingressar em iniciativas e fazer a diferença na vida das pessoas.

Aqui seguem algumas formas que você pode contribuir:

Compartilhe seu conhecimento

Preste atenção a mulheres à sua volta que podem querer desenvolver suas habilidades no meio de tecnologia. Encontre iniciativas que ajudem mulheres e meninas a aprender a codar, e ofereça ajuda.

Encontre mentores e desenvolva habilidades de liderança

O fato de que nossa cultura é pautada em viés de gênero e que a maioria das posições de poder é ocupada por homens gera uma estrutura de poder desequilibrada e pouco saudável, tanto em empresas quanto no meio político. Para os homens: mentorem mulheres. Para mulheres: ser uma líder é difícil, mas você pode se preparar estudando, praticando e recebendo ajuda através de mentoria. Quando você se tornar uma líder, lembre que representatividade importa, então se prepare para ser uma mentora também.

Fale e se destaque

Não se deixe curvar pelo machismo. Seja fantástica, e se você não for reconhecida pela qualidade dos seu trabalho, arme-se de fatos e dados, e bote a boca no trombone, mostrando motivos claros e racionais do porquê você merece reconhecimento. Faça com que sua voz seja ouvida na comunidade participando de eventos, escrevendo artigos (para a Code Like A Girl, por exemplo 😀 ) e dando palestras.

Encontre um grupo de apoio

E claro, se prepare para retaliação. Ter apoio, seja em um pequeno grupo de amigos, seja em um enorme fórum na internet, não só é saudável mas necessário à medida que você se tornar uma figura pública lutando por igualdade.

Neste Dia Internacional da Mulher, MANIFESTE-SE!

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